Putin propõe retomada de negociações diretas com a Ucrânia em Istambul na próxima semana
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou neste sábado (10) que está disposto a retomar o diálogo direto com a Ucrânia, propondo a realização de um novo encontro em Istambul, na Turquia, na próxima quinta-feira, dia 15 de maio. A declaração ocorre em meio a uma intensa pressão da Europa e dos Estados Unidos, que defendem um cessar-fogo imediato de 30 dias para conter o conflito, que já se arrasta há três anos.
Em pronunciamento transmitido pela televisão estatal russa, Putin destacou que as conversas devem acontecer “sem pré-condições”, com o objetivo de “resolver as raízes do conflito” e “alcançar uma paz duradoura”. O líder russo mencionou que a escolha por Istambul se deve ao histórico da cidade como palco de tentativas anteriores de negociação entre os dois países.
A iniciativa russa surgiu pouco depois de líderes da Alemanha, França, Reino Unido e Polônia cobrarem uma trégua imediata, sob ameaça de novas sanções econômicas. A proposta conta também com o apoio dos Estados Unidos, segundo o presidente francês Emmanuel Macron, que esteve em visita oficial à Ucrânia nesta semana.
Apesar da sinalização positiva de Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia não aceitará qualquer tentativa de pressão internacional. "Estamos abertos ao diálogo, mas não seremos coagidos", declarou. Peskov também disse que o governo russo vê com bons olhos a ideia de um cessar-fogo amplo, mas alertou para a existência de “questões pendentes” que precisam ser discutidas antes de qualquer acordo definitivo.
As duas nações não mantêm negociações formais desde o início da guerra, em 2022. Nos últimos meses, Kiev tem defendido um cessar-fogo imediato, posição apoiada por seus principais aliados ocidentais, incluindo o governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump. O republicano, que fez da resolução do conflito uma das prioridades de seu mandato, tem buscado mediar as conversas por meio de enviados especiais e reuniões diplomáticas de alto nível.
Apesar dos esforços, a Rússia tem resistido a comprometer-se com uma trégua limitada, alegando que é necessário um acordo mais abrangente, que trate de questões como a expansão da Otan para o Leste Europeu, apontada por Moscou como uma das causas da guerra.
Em comunicado recente, Trump reiterou que, se a Rússia descumprir o cessar-fogo proposto, novas sanções serão impostas pelos Estados Unidos e seus aliados. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, também advertiu que, sem avanços concretos, Washington poderá se retirar das negociações.
Enquanto as chances de um cessar-fogo definitivo ainda parecem incertas, Putin garantiu que não descarta a possibilidade de um novo acordo de trégua, desde que seja construído de forma "responsável" e não sirva apenas como uma pausa para o rearmamento ucraniano.
Fonte: CNN
Foto: AP Photo
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