Brasil e China reforçam parceria estratégica em meio a desafios globais, afirma Lula em Pequim
Em visita oficial à China nesta terça-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que a relação entre Brasil e China nunca foi tão estratégica e necessária quanto agora. Ao lado do presidente chinês Xi Jinping, Lula defendeu a construção de um comércio global mais justo e a união entre as duas nações contra medidas protecionistas e unilaterais que, segundo ele, prejudicam as economias mundiais.
"Vivemos tempos de incertezas e instabilidade global. Nesse cenário, Brasil e China reafirmam o compromisso de atuar juntos na defesa do multilateralismo e contra o isolacionismo comercial", declarou Lula em Pequim, durante encontro no Grande Palácio do Povo.
O presidente brasileiro voltou a condenar as guerras comerciais, citando que esse tipo de disputa gera prejuízos generalizados, especialmente para os mais pobres. O pronunciamento ocorre um dia após Estados Unidos e China firmarem uma trégua temporária na escalada tarifária iniciada durante o governo Trump. Lula, no entanto, aproveitou a ocasião para reiterar a demanda brasileira por redução das taxas impostas ao aço e ao alumínio nacionais.
Fortalecimento das relações e investimentos bilionários.
O encontro marcou a terceira reunião presencial entre os dois chefes de Estado desde o início do atual mandato de Lula, em 2023, sendo a segunda em território chinês. Xi Jinping também reconheceu a importância da parceria com o Brasil e reforçou a defesa do livre comércio e do sistema multilateral regulado pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Além das declarações políticas, os dois países oficializaram 20 novos acordos de cooperação em áreas como agricultura, tecnologia, aeroespacial, ciência e inovação. O governo brasileiro anunciou, ainda, a captação de R$ 27 bilhões em investimentos da China em setores diversos, como:
R$ 6 bilhões da montadora GAC para expansão no Brasil;
R$ 5 bilhões da Meituan para lançar o aplicativo de delivery Keeta, com previsão de gerar até 104 mil empregos;
R$ 3 bilhões da estatal CGN para construção de um centro de energia renovável no Piauí;
R$ 5 bilhões da Envision para erguer o primeiro parque industrial carbono neutro da América Latina;
R$ 3,2 bilhões da rede de bebidas Mixue, que projeta 25 mil empregos até 2030;
R$ 2,4 bilhões da Baiyin Nonferrous com a aquisição da mina de cobre Serrote, em Alagoas.
Também estão previstos investimentos em logística, semicondutores, farmacêuticos e ações para promover produtos brasileiros no mercado chinês.
Brasil e China juntos pela paz mundial
Lula e Xi Jinping ainda reiteraram a disposição de mediar negociações para o fim da guerra na Ucrânia. Em nota conjunta, os dois países se colocaram à disposição para auxiliar nos diálogos entre Rússia e Ucrânia, defendendo uma solução pacífica. O presidente brasileiro também condenou os conflitos na Faixa de Gaza e voltou a defender a criação de um Estado Palestino viável.
"O mundo se apequena diante das atrocidades em Gaza. A paz só será possível com uma Palestina independente ao lado de Israel", disse Lula, acrescentando que apenas uma ONU reformada pode liderar os esforços globais por paz e direitos humanos.
Avanço do comércio e do agronegócio
A viagem da comitiva brasileira, que incluiu 11 ministros, parlamentares e cerca de 200 empresários, foi direcionada ao fortalecimento do comércio bilateral. A China segue como principal parceira comercial do Brasil, e a expectativa é ampliar ainda mais as exportações, principalmente de produtos do agronegócio.
Durante a agenda, associações brasileiras inauguraram em Pequim um escritório de promoção das carnes brasileiras, buscando facilitar negociações e reduzir entraves sanitários. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também participou de encontros visando desburocratizar o registro de produtos biotecnológicos brasileiros na China.
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